Fiz este desenho ouvindo "The Shaman"da banda Angra, pertencente ao maravilhoso álbum Holy Land (1996) que trata do descobrimento do Brasil.
A música The Shaman é uma referência clara à obra Juca Pirama, de Gonçalves Dias. (letra: http://angra.letras.terra.com.br/letras/76623/). Além da qualidade instrumental, a letra contém o conhecido: "Meninos, eu vi!" (em inglês, claro!)
Se aprendemos Juca Pirama na escola, com certeza, não foi em sala de aula que ouvimos Angra. Por quê?
Juca Pirama não bebia ayahuasca (http://angra.letras.terra.com.br/letras/76623/), pelo menos, não na obra romântica de Gonçalves Dias. Se o guerreiro tupi bebesse ayahuasca subverteria o ideal do "bom-selvagem". Quebraria paradigmas.
Embora a letra da canção contenha traços desse idealismo romântico indianista, não podemos nos esquecer de que o gênero musical é heavy metal. E só por isso, subversivo.
É através do som, do tempo da música que, para mim, se constitui a mensagem. Foi através da música que soube exatamente o que iria desenhar. Sinestesia??? (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinestesia)
O uso de símbolos, imagens, metáforas, sinestesias, recursos sonoros e cromáticos, tudo usado para exprimir o mundo interior, intuitivo. Isto é Simbolismo. Também aprendemos na escola. Alguém se lembra? (http://www.geocities.com/alcalina.geo/39litera/simbol.htm)
O timbira que assiste a coragem do tupi (Juca Pirama) é, na música do Angra, um xamã. Um homem que tem os sentidos expandidos, processos mentais e emoções mais profundas. É aquele que, através de uma bebida, cura e também, abre o portal de outros reinos da existência.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Xam%C3%A3)
A projeção é imediata: quem preferimos ser? O guerreiro "certinho" de Gonçalves? Ou o xamã urbano que possui a chave para abrir sua própria mente?
Em Antropologia, não estudamos o xamanismo. E no curso (como um todo) de Comunicação nada vimos sobre a hipótese séria de que o ser humano adquiriu a linguagem e a reflexão a partir da ingestão de cogumelos alucinógenos na pré-história. (http://mundocogumelo.wordpress.com/2006/11/01/entrevista-terence-mckenna/)
Mas,
por que os professores ( e outros educadores) não veêm que não queremos mais o bom-selvagem?
Por que não nos apresentam a arte subversiva na sua íntegra?
Por que não nos deixam escolher nossos heróis?
Vocês escondem todo o conhecimento que provoca êxtase!
Isso tudo porque escolheram que era melhor não tocar em assuntos dito polêmicos dentro das salas de aula.
Ora, onde os discutiremos então? Nas FEBEMs? Nas prisões? Ou nos botecos, entre um vômito e outro?
PS.: Relaxa, Salatiel! Vc tá fora dessa lista.
domingo, 15 de abril de 2007
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7 comentários:
Tati,
Valeu pelo comentario fiquei muito feliz e lisonjeada! Pode deixar nos próximos posts vou procurar incluir nosso tão querido 'heavy metal'...rsrs...
Em respeito ao seu blog, está perfeito,totalmente critico,filosofico, semiotico e estimulante...Um pulso ao pensamento! Continua, vai fundo, pq talento vc já tem!
Bjsss
Luanna
Ah não! Parei de ler quando vc entrou na parte de Heavy Metal! Eu confesso: metal não dá!
Tive um contato próximo com o Black Metal, pois um amigo meu, guitarrista, queria q tocasse teclado na banda dele, q eu tenho. Isso foi em 2004. Não conhecia nada de Black metal. Fui duas vezes para pegar as músicas c/ ele, e aí eu descubri q não era música, mas sim "música"! Não dá, é horrível! Converso ainda com ele, me convidou outra vez para tocar, mas é fda. Só toco de novo se for algo bem leve, bem alternativo.
Do metal, só gosta mais dos antigos (B. Sabbath, Kiss, e olhe lá), mto pouco. Se quiser conhecer a banda dele, ainda na ativa, se chama Mournful Tears: www.bandasdegaragem.com.br/mournfultears
Mas eu respeito o gosto. Até mais. Ah, tem novidade no cidadevirtual.blogspot.com
Ora, ora, Francisco!
Black metal nem eu gosto! Não sou anti-cristo! (rs)
O Angra é power metal ou heavy melódico, progressive metal. É um som pesado, mas que mistura influências de música clássica e também, brasileira.
As letras tb são de muito bom gosto, não tem nada a ver com Kiss e Sabbath (embora eu tb goste do Sabbath).
É querida Tati, considero isso como um preconceito por parte dos "educadores". Acredito que toda a discussão é válida se o debate for levado realmente a sério e o professor conseguir colocar à tona, no calor do momento, tópicos relevantes para os alunos, não só para a matéria que ele leciona, mas para o estudante mesmo, como cidadão.
Alguns professores não acreditam no potencial de seus alunos, considerando-os totalmente ignorantes, e ele, como o detentor da razão. Eu digo isso porque encontrei uma professora assim (nem motivar os alunos ela motivava, e dizia que não éramos capazes, onde já se viu???!!!).
Outro erro é em não falar sobre certos assuntos por considerar pecado ou apenas porque a sociedade não aceita aquilo. Acontece, que muitas vezes o tema a ser tratado faz parte da realidade vivida por aquelas pessoas para quem eles lecionam.
Bom, vamos parar por aqui senão minha prova de história da arte será um desastre amanhã XD
Adorei o tema do post, viu!!!
Bjus
Tenha uma ótima semana
Ah, não, mas o Black Metal q "fazíamos" nada tinha a ver com anti-cristo ou coisa assim, e só não se denominava white metal pq não tinha letras cristãs. Os temas nada tinha a ver com religião...
O Mournful Tears ainda está na ativa. Eu não acompanho mto eles, mas eles ainda continuam tocando, como no Metal Apocalypse, ano passado.
T+
Menina, essa história de que a aquisição da linguagem e da consciência ocorre quando da ingestão, por nossos ancestrais, de plantas alucinógenas é uma hipótese altamente duvidosa do T.Mckenna. Mas esse cara tem seu mérito. Ele conta uma historinha interessante sobre o porquê de drogas como o açúcar e o tabaco serem toleradas e outras substâncias, como a psilocibina, proibidas. Mas, enfim, o grande barato do seculo XXI é a imersão no mundo de bits. Freud mesmo - e T. Leary, entre outros - dizia que para mudar certos comportamentos (e abrir portas do inconsciente) é necessário banhar o cérebro com algumas substância químicas (ele mesmo era um cheirador de primeira, rsrsrs). Pois eu digo o seguinte: crie um blog e conecte sua mente ao hipercórtex. Esse papo rende. Beijos.
bem sou o baixista da mournful tears nao gostei d teren falado sobre minha banda sen conhecela
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