segunda-feira, 9 de julho de 2007

FlatLand - Uma história underground.

"Life experience
Break your shell reach the light!
Mind and soul
Find your path to the skies"... (Sprouts of Time, Angra)

"Experiência de vida
Quebre sua casca, alcance a luz!
Mente e alma
Encontre seu caminho para os céus."(Brotos do Tempo, Angra)

Durante uma reflexão sobre este trecho da música, percebi que a casca a que Rafael Bittencourt (compositor e guitarra) se refere é "O Universo numa casca de Noz" de Stephen Hawking.
Pesquisando sobre este livro, acabei encontrando outro, não menos genial. A pesquisa me levou até : FlatLand (PlanoLândia) de Edwin Abbott. Escrito no século XIX, mas que só em 2002 teve sua tradução para o português. É uma história científico-satírica que muitos não conhecem e que ressurge agora do underground.

"Era uma vez um mundo bidimensional que possuía largura e comprimento; ali não existia altura. Era como uma folha de papel. Todos em Terra Plana moviam-se livremente, como as sombras se movem sobre a Terra, totalmente inconscientes da dimensão da altura. O personagem principal da Terra Plana (Flatland) era o Quadrado.
O velho Quadrado explicava a seu neto, o Hexágono, algumas noções de geometria. (Na Terra Plana, cada geração seguinte da linhagem masculina, possuía um lado a mais que seu respectivo pai, até atingir tantos lados que se tornavam indistintos do círculo, a ordem sacerdotal. Mas, é claro, havia uma exceção, os inferiores triângulos que sempre serão triângulos). À medida que o Quadrado procurava explicar ao neto como achar a área de um quadrado, através do quadrado da medida de um de seus lados, o neto perguntou-lhe o que poderia acontecer na geometria se alguém elevasse ao cubo esta mesma medida. O Quadrado explicou, pacientemente, que não existia tal coisa de “elevado ao cubo” na geometria. O neto, confuso, continuou insistindo, até que o Quadrado, zangado, mandou para a cama, advertindo-o de que se ele fosse mais sensato e falasse menos besteira, se sairia melhor em geometria. Naquela noite, sentado e lendo o jornal, o Quadrado continuou resmungando para si mesmo: “não existe este negócio de elevado ao cubo na geometria…” De repente, ele ouviu uma voz às suas costas, dizendo: “Sim, existe!” Olhou assustado para os lados e viu uma Esfera brilhante na sala. A Esfera era uma visitante da Terra Espacial (EspaçoLândia), um mundo em que havia três dimensões como nós conhecemos aqui na Terra. E a Esfera tentou sem êxito explicar ao Quadrado o que era a Terra Espacial, quando resolveu criar para o Quadrado algo que aqui chamamos de experiência transcendental; isto é, ela o transportou para a Terra Espacial. O Quadrado abriu os olhos, olhou ao redor e disse: “Isso é uma loucura… ou então é o próprio inferno!” E a Esfera respondeu: “Não, é nenhum dos dois… Isto é o Conhecimento… Abra os olhos e olhe ao seu redor”. Assim o Quadrado fez, e excitado contudo o que via começou a falar e questionar a Esfera sobre a possibilidade da existência de mundos com quatro ou até cinco dimensões. A esfera respondeu, zangada: “Não existe tal absurdo!” E, aborrecida, mandou-o rapidamente de volta à Terra Plana. O Quadrado, desde então, rodou pela Terra Plana, pregando a visão mística de um mundo de três dimensões. Desacreditado, foi confinado numa instituição mental, onde, uma vez por ano, era visitado por um Círculo da classe dos sacerdotes, que o entrevistava e avaliava como ele estava indo. E todas as vezes ele insistia em tentar explicar ao Círculo a dimensão da Terra Espacial, e todas as vezes o Círculo, desanimado, balançava a cabeça e o deixava trancafiado por mais um ano".

Cientistas renomados como Hawking afirmam a possibilidade da existência de 10 a 11 dimensões. Nós (nossa limitada mente humana) só podemos conceber 3. Assim, representamos o "Círculo", outras vezes, bancamos o "Quadrado". Esta é uma sátira de nós mesmos. Da incapacidade humana de entender e explicar sua própria origem. E pior: da resistência ao conhecimento.
Se quisermos entender o Universo, temos que abrir nossas mentes, libertar nossas almas e perguntar com o destemor das crianças:
"Com o que se parece um buraco negro? Qual é a menor porção de matéria? Por que nos lembramos do passado e não do futuro? Como se explica, se houve um caos primordial, que haja ordem agora, pelo menos aparentemente? E por que existe um universo?"(Carl Sagan).


Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito... (Shakespeare, Hamlet, Ato 2, cena2).

8 comentários:

Roderico P. Franco disse...

O cara se baseou num best-seller para escrever uma música, ainda por cima de um livro de ciências??? Pq o cara não pega o O Doce Veneno do Escorpião, da "filósofa" Bruna Surfistinha para encher a cabeça de idéias, hen??? Huahuah! T+

paisuburbio disse...

Cara, só tu que comenta neste blog!
Desse jeito, vou ter que aposentar o paísubúrbio. rsss...

Palavras e Panquecas disse...

Pronto Tati, postei algo nos Panquecas, agora tu tem o q ler rss.
E o Francisco é mó chato mesmo kkkk

Panquecão

Roderico P. Franco disse...

Pronto, vou ter que colocar um comentário para fazer número, como no Panquecas. Mas dê um jeito, esse negócio de tapar vazamento com o dedo não dá muito certo! Rs T+






















ESTE É APENAS UM COMENTÁRIO PARA FAZER NÚMERO - EDIÇÃO 7

cláudio brasil disse...

Oi Tati!

Ainda vou ler com calma esse teu post!
Sò tô passando para dizer que tô te convidando para responder: quais as 10 séries de tv que marcaram sua vida? Trata-se de um Meme que o Oficina me passou e eu estou direcionando pra vc.

Bjão, até mais!!!

Cláudio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cláudio disse...

Oi Tati!

Legal essa associação com a geometria para fazer questinamentos sobre nossas próprias inseguranças existenciais.

Divino!

Aline disse...

Oi amiga, tudo bem?

Gostei muito da reflexão.

Conhecimento traz o medo, medo destrói conhecimento.

Liberte-se e todos conseguiremos viver, fazer, contribuir para nossa evolução.

Saudade!
Inté.

Há num esqueçe de dar espaço no próximo texto. Respire.hehehehe.

Uma alusão à "Mito da Caverna"

Uma alusão à "Mito da Caverna"